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Folk music – Uma biografia de Bob Dylan em sete canções

Clicar sobre a canção para abrir a gravação no Spotify. 

por Pedro Couto (criador do site Dylanesco.com e do Podcast Dylanesco, ambos dedicados a Bob Dylan)

(para os exemplos musicais, clicar no link do YouTube) 

Auto-harpa. Instrumento usado tradicionalmente na música country e folk. É essencialmente uma harpa (de formato diferente) com botões que abafam determinadas cordas. Enquanto na harpa tradicional o(a) músico toca apenas as cordas que deseja que soem, na auto-harpa ele toca todas as cordas do instrumento (de maneira similar ao violão) e abafa as cordas indesejadas através de botões, permitindo soar apenas as notas que fazem parte do acorde que se pretende tocar. Daí a ideia de uma arpa em que se consegue tocar “automaticamente”.

Exemplo: Maybelle Carter (da lendária família Carter) tocando uma auto-harp:

https://www.youtube.com/watch?v=RAeT1JmJNTg

Balada. No contexto da música folk, balada é uma canção que conta uma história, normalmente em várias estrofes e com uma melodia simples. Nos enredos, estão desde fatos reais até histórias fantasiosas. Existem algumas sub-categoria, dentre elas as chamada murder ballads (baladas de assassinatos ou balada sangrenta) em que a narrativa gira em torno de um crime violento.

Exemplos:

https://www.youtube.com/watch?v=vI3T7GgX-rI

https://www.youtube.com/watch?v=6qaJKKVdE40

Blues do Delta. Uma das formas mais antigas de blues, vindo da região do Mississippi Delta, noroeste do estado de Mississippi (conhecida por ser a mais sulista dos Estados Unidos, devido à tensão racial). Em razão da sua origem predominantemente rural, o Delta Blues é comumente tocado com instrumentos acústicos, principalmente o violão, e muitas vezes de maneira solo. Dentre os músicos que se destacam no Blues do Delta, estão nomes como Charley Patton, Lead Belly e o lendário Robert Johnson.

Exemplos:

https://www.youtube.com/watch?v=PsfcUZBMSSg

https://www.youtube.com/watch?v=EyIquE0izAg

https://www.youtube.com/watch?v=v3UbririiLY

Buck-and-wing. Dança no estilo sapateado (tap dance) que mistura influências irlandesas, britânicas e africanas. No sapato, uma placa de madeira é colocada na ponta para enfatizar as batidas.

Exemplo: neste vídeo, um especialista mostra a diferença entre buck, com foco nos pés, e wing, com abordagem mais nas mãos e tronco.

https://youtu.be/A34OD4eA17o?si=Tda45pnVUNicRRAp&t=49

Canções de contestação. ver o verbete Topical Song

Canções de menestrel. As canções de menestrel, nos Estados Unidos, foram populares na primeira metade do século XIX. Inicialmente eram músicas interpretadas por brancos que pintavam seus rostos de preto para representar de forma exagerada personagens afro-americanos, muitas vezes afim de ridicularizá-los. As canções trouxeram personagens que se tornaram icônicos na forma pejorativa como os brancos se referiam aos afro-americanos. Dentre eles está Jim Crow, um escravo de plantação inculto e com roupas rasgadas; ou Dandy Jim, um malandro com fala lenta e roupas extravagantes. Posteriormente, os afro-americanos se apropriariam do estilo, formando seus próprios grupos de menestréis e, de alguma maneira, se apoderando da forma.

Canções de protesto. ver o verbete Protest Song

Canções old-timey. Músicas populares anteriores à década de 1940, comumente tocadas na rabeca e no banjo, seja solo ou em um pequeno grupo musical. Outros instrumentos normalmente utilizados são: mandolim, ukulele e contrabaixo acústico. É um estilo parecido com o bluegrass, porém menos comercial.

Exemplo: 

https://www.youtube.com/watch?v=MwwOfZBIUuc

Doo-wop. Estilo musical baseado no Rhythm and Blues (R&B), com grande destaque para os vocais de apoio (backing vocals), de origem e popularizado especialmente entre afro-americanos. Teve seu auge nos anos 50, como em diversos lançamentos da gravadora Motown, para depois ser incorporado em outros estilos musicais, como no rock’n’roll e na surf music.

Exemplos:

https://youtu.be/VJcGi4-n_Yw?si=8wsxR2qXzxNuKK1w

https://www.youtube.com/watch?v=QypKWOzNdOs

Sem verbetes.

Hootenanny. Gíria rural americana para festa ou encontro. No contexto do folk, eram eventos em bares e cafés em que o palco ficava disponível para quem quisesse se apresentar, criando um ambiente igualitário. Era uma dinâmica muito comum no revival folk, com destaque para os cafés no bairro boêmio de Greenwich Village, em Nova Iorque. Muitas vezes, junto com a dinâmica de microfone aberto (open mic), passava-se um chapéu ou um cesto após os músicos se apresentarem para que o público colaborasse com uma gorjeta.

Sem verbetes.

Jam session. Reunião de músicos para tocar livremente. Pode ser um ensaio, em que ideias são apresentados e testadas pelos músicos, ou uma apresentação em formato aberto, em que os músicos improvisam dentro de um certo contexto. As jams sessions são frequentes principalmente no contexto instrumental, como o jazz e o blues. No folk, como muitas das canções tradicionais eram conhecidas entre todos, a mesma dinâmica também estava presente.

Jug bands. Estilo que começou com músicos de rua, que muitas vezes usavam instrumentos improvisados, como um jarro para simular um trombone (daí o nome jug, jarro em inglês). É uma música animada e com uma marcação de tempo bem clara.

Exemplos:

https://www.youtube.com/watch?v=MgENwPdBBK8

https://www.youtube.com/watch?v=k2Ntl1uIHVc

Loop. Trecho de música que repete continuamente. Pode ser usado para criar um tema melódico ou harmônico recorrente, como também para repetir uma linha de rítmica de bateria durante um longo período.

Exemplo de Leonard Cohen usando um loop de percussão de um teclado, alterando apenas a harmonia:

https://www.youtube.com/watch?v=nceRfJJZcP4

Sem verbetes.

Protest song. Músicas carregadas de críticas e protestos sociais. O estilo está dentro de uma categoria maior chamada topical songs. Dentro do contexto do folk, um dos grandes nomes foi Woody Guthrie, que escreveu músicas como This Land is Your Land, cuja letra reforçava a ideia de nação à todos os americanos, não se resumindo apenas à elite branca.

Outros exemplos são Which Side Are You On e We Shall Overcome, ambas de Pete Seeger.

https://www.youtube.com/watch?v=IlaqPRCuRhU

https://www.youtube.com/watch?v=bsNVzwuJeVk

https://www.youtube.com/watch?v=Kfo_W73n0hE

Sem verbetes.

Ragtime. Estilo americano de ritmo sincopado e agitado que surgiu no final do século XIX e foi uma das origens do jazz. É um gênero comumente tocado ao piano, com harmonia e melodia marcadas por um ritmo constante e característico. Dentre os compositores desse estilo, destaca-se principalmente Scott Joplin.

Exemplos:

https://www.youtube.com/watch?v=ZYqy7pBqbw4

https://www.youtube.com/watch?v=vsFGcPujqKE

Revival folk. Movimento que surgiu na década de 1950 retomando estilos de música da raiz americana, como bluegrass, country, blues e suas diversas variações. Tinha como escopo redescobrir canções das diversas comunidades e músicos esquecidos ou pouco conhecidos. Teve forte ênfase política, com muitas canções retratando violências, injustiças e a tensão racial americana, além de narrativas que detalham o cotidiano rural ou de cidades pequenas. Dentre os artistas que ajudaram nessa redescoberta, estão Kingston Trio, Peter Paul & Mary, Dave Van Ronk, Joan Baez, Odetta e o próprio Bob Dylan.

Rhythm and Blues (R&B). Estilo musical que nasceu dentro das comunidades afro-americanas e combinava diversos estilos, com o blues e o gospel. Foi popularizado na década de 1940 e é tido como uma das raízes do rock’n’roll. Foi usado pela primeira vez em 1948 pela gravadora RCA Victor para se referir à música negra sem cunho religioso. Após a migração de muitos afro-americanos para os centros urbanos na região nordeste e centro-oeste dos EUA, o estilo combinou mais influências, como jazz, swing e boogie woogie. Nos anos 1960, o estilo R&B incorporaria ainda outros elementos do gospel, deixando de lado a letra religiosa, dando origem à música “soul”.

Steel guitar. Adaptação da guitarra tradicional, em que, ao invés de se tocar apertando as cordas com os dedos contra o braço do instrumento, usa-se um tubo de vidro ou metal (slide) que desliza nas cordas, alterando as notas. Pode ser tocado numa guitarra comum, mas é normalmente feito em um instrumento adaptado com as cordas mais altas. Existem variações como o lap steel, em que o instrumento fica deitado no colo do músico ou o pedal steel, em que, além de tocar com as mãos, usa-se também pedais que alteram o volume de determinadas partes do instrumento.

Exemplos:

https://www.youtube.com/watch?v=3I2jnA8L4xU

https://www.youtube.com/watch?v=5YdHqxTcBfI

https://www.youtube.com/watch?v=xw7SFru9cdk

Sound designer. Profissional que atua na criação de materiais sonoros, incluindo ritmos, sons ambientes e arranjos. Normalmente é uma função usada na criação de paisagens sonoras para filmes e jogos.

Talking blues. Formato de blues, também usado no contexto country, em que se usa um estilo de canto quase falado, sem uma melodia muito bem definida. Utiliza a estrutura básica do blues como plataforma para contar uma história, normalmente de caráter satírico, unindo o humor a um tom irreverente para fazer críticas.

Exemplos:

https://www.youtube.com/watch?v=CLz6LgMO8To

https://www.youtube.com/watch?v=4fTDhQsYGh8

Topical song (canções de contestação). Categoria de canções que usam eventos da atualidade como tema. É uma abordagem comum dentro do mundo folk, em que muitos usavam de notícias de jornal ou acontecimentos na sua região para transformar em crítica social na música. Bob Dylan usou esse recurso em diversas canções, como Only a Pawn in their Game, Talkin’ John Birch Society, The Lonesome Death of Hattie Carrol e até mesmo Hurricane.

Sem verbetes.

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