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O livro da minha vida

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Leopold – uma novela, é, sem nenhum drama, o livro da minha vida. Nele eu ponho tudo o que considero o melhor de minha literatura, em termos de conteúdo e forma. É o melhor que sei escrever. Nele vão, também, todas minhas convicções filosóficas – eu partilho com Leopold o pensamento iluminista, que eu quis reforçar nestes tempos de sombrios retrocessos – e, também, vai todo meu amor pela música, agora numa fatia específica, a do final do século XVIII. Leopold, artista individual, foi contemporâneo de uma legião de outros músicos que assistiram à superação do período clássico sem entender muito o que estava acontecendo; sua música diz bem isso, aquela que ele escreveu antes do desabrochar na genialidade de seu filho, Wolfgang Amadeus Mozart, sobre o qual, em atenção à inteligência dos leitores, não preciso dizer nada.

Dediquei a este livro quatro anos de escrita, embora a necessária pesquisa prévia tenha me tomado cerca de dois anos. Na pandemia, no ano de 2020, imobilizei-me de horror. Quando retomei a escrita, a Humanidade salvava-se pela ciência, e a novela sobrevivera.

Talvez eu venha a escrever outro livro – mas Leopold nunca desaparecerá de minha memória intelectual e afetiva. Afinal, o livro de uma vida tem o valor de justificá-la.

Luiz Antonio de Assis Brasil
Porto Alegre, outono de 2023

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